PLATINUM END e a eterna busca da humanidade pela felicidade

 




Quando Platinum End foi anunciado como novo trabalho da dupla Oba e Obata de Death Note se criou muita expectativa sobre o que eles iriam criar dessa vez já que Bakuman era algo completamente oposto ao que Death Note e Platinum parecia a princípio seguir os passos de DN por ser um Battle Royale e por envolver questões como vida ou morte porém eu fico satisfeito em ver que os autores são bem flexíveis e não gostam de se apoiar na fórmula de um megasucesso e sim criar sempre obras diferentes com visões interessantes que ao mesmo tempo que não ignoram o fator entretenimento do leitor não deixam de debater sobre questões importantes.Platinum End não é um Death Note e você não deve esperar que ele seja um. Por isso mesmo que possivelmente a otakusfera possa abordar essa série aqui eu quero falar ela sem essa questão toda polêmica sobre o final que ninguém gostou que anda dominando o fandom otaku recentemente porque quando você cria expectativas as chances de você ficar satisfeito por te-la cumprindo ou superado suas expectativas ou de decepção por não ter visto serem cumpridas que essa obra sem dúvida vai cair.




Por isso mesmo eu até poderia falar das muitas estratégias interessantes que tem de ser feitas com a limitação da flecha branca que elimina,da vermelha que faz a pessoa se apaixonar,da transferência delas,das asas e tudo mais mas como eu disse antes esta é a parte do entretenimento do público da qual falei antes,o que interessa em Platinum End são as duas temáticas centrais,o suicídio e a busca pela felicidade.O centro disso é o Mirai,o personagem do qual vamos ver muitos desses dois aspectos que a obra vai trabalhar.Ele perdeu os pais,mora com os tios que o maltratam e o sacaneam pelas costas o que faz ele querer cometer suicídio. Então a partir disso Nasse,uma anjo diz que ele foi selecionado pra uma disputa pra decidir quem será o próximo Deus entre várias pessoas que igualmente cometeram suicidio. Mirai não deseja matar ninguém,o que ele mais deseja nesse mundo é encontrar sua própria felicidade. Pra isso ele se une a seu amor do colégio Saki até porque existe um homem que usa como disfarce a fantasia de um Super Herói de Tokusatsu chamada Metropoliman que deseja ser Deus eliminando qualquer candidato no seu caminho e quem mais interferir. Obviamente isso é um obstáculo no caminho de Mirai em sua busca e o objetivo dele é impedi-lo. E Mirai acaba aprendendo principalmente com o personagem Nanato Mukaido um home em estado terminal que tem mulher e filhos,sendo uma criança perto do nascimento,no entanto ele irá morrer antes disso,porém antes deseja criar um mundo onde sua família ao menos possa viver feliz quando partir,mas que vê eles em perigo tentando até eliminar o Metropoliman pra isso e isso faz perceber o quanto que a busca pela felicidade acaba esbarrando na felicidade dos outros. E que Metropoliman apenas pra reviver a irmã que ele matou acidentalmente cuja sua vida girava em torno dela,não mede as consequências do que é necessário pra isso, como ter uma comparsa cientista que cria um vírus capaz de matar milhares de pessoas colocando a vida de vários outros em risco e a série mostra como mirai vai lidar com situações onde sua vida e dos seus próximos estão em risco em troca de outras várias pessoas.Então no início a série quer introduzir o tema,fazer o protagonista mudar sua visão e definir seu ideal por esse tema pra toda filosofia que rola no próximo arco que é o que as coisas ficam interessantes quando o personagem Yoneda é introduzido como o último candidato a Deus porém ele é um cientista brilhante ganhador de inúmeros prêmios mas totalmente anti-social que enxerga a vida de forma extremamente cética centrada na sua busca pelo conhecimento.Ele não é o tipico vilão que estamos acostumados,sem ideias de grandeza ou objetivos megalomaníacos, ele chega a conclusão que Deus é uma criação humana que depende da fé pra seguir existindo mas no mundo contemporâneo as pessoas pararam de crer em Deus ameaçando sua existência e daí esse Battle Royale onde um novo Deus é escolhido ao mesmo tempo que cai no conhecimento público fazendo a fé nele retornar. Mas Yoneda acredita que a humanidade não precisa de um Deus e quer eliminar a todos os candidatos inclusive ele mesmo pra que a Criatura(como ele mesmo denomina) não surja.porém a questão que fica é: e aqueles que acreditam em Deus e cuja fé é o que move suas vidas?como ficaria eles se simplesmente isso desparecesse?Existe também um outro personagem interessante chamado Shuji Nakaumi que acredita que precisa trazer felicidade levando fima a vida daqueles que realmente querem morrer.Porém isso esbarra na questão moral do suicídio ser considerado algo errado e ele desejava no inicio criar um mundo onde as pessoas pudessem escolher morrer. O que viria de uma vida onde só o que lhe espera é o sofrimento?Esses debates são o que permeia a série e essa questão é muito importante pro final porque Shuji estaria disposto a matar pessoas que querem morrer e levar adiante os planos do professor Yoneda,mas isso esbarra na sua visão,ele pode matar qualquer pessoa que queira de fato morrer,mas ele pode matar quem simplesmente quer viver com todas as forças?e é por isso que o plano do Yoneda falha,ele é incapaz de compreender os sentimentos humanos como o de Mirai que queria eliminar o professor pra trazer felicidade ao máximo de pessoas possível porém quando ele vê que Saki está em perigo ele decide que não irá sacrificar Saki por amá-la por mais que ao fazer isso ele poderia cumprir seu objetivo porém não adianta nada,a felicidade que Mirai queria era a da própria Saki e a dele. Simplesmente sacrificar ela não iria faze-lo se sentir feliz(isso inclusive era uma questão que a própria Nasse faz ao Mirai no final nessa decisão difícil),e esse é o dilema que sempre as pessoas irão esbarrar em sua busca da felicidade. Curiosamente Yoneda percebe sua própria falha em entender o sentimento humano e desiste,querendo colocar um fim em sua vida e Mirai não concordando com isso lhe dá algum propósito pra seguir vivendo e assim ele o faz,simples assim.Nada é resolvido simplesmente eliminando o antagonista da obra ou o protagonista fazer um grande sacrifício como de costume e isso é o que me deixa bastante satisfeito em como ela termina.O final dessa história é bastante ousado porque os personagens atingiram seu objetivo,Mirai e Saki se casam mas a questão da origem da Criatura que o professor Yoneda ficava e Shuji não conseguiu obter completamente a resposta porque nem a própria sabe sua origem mas que apenas ele dá origem a vida humana e seu papel é apenas observa sem interferir mesmo havendo tanto sofrimento no mundo e Shuji não podia simplesmente concordar com isso então ele decide cometer suicídio e isso acaba levando a extinção da humanidade no final. Mesmo Mirai e Saki percebendo o que acontece eles ainda aceitam o fato porque no fim eles tiveram um pouco da felicidade que tanto buscaram mesmo que por pouco tempo e que não encontrariam se os anjos não tivessem os salvo. No fim fica a reflexão da série se as pessoas apenas buscam pela morte e o que tornaria de fato algo que dá sentido as nossas vidas,talvez o fato de que tudo irá acabar um dia é o que torna a vida pegar fogo,talvez o sentido dela esteja aí





No Japão a taxa de suicídio é extremamente alta e isso pela pressão social da busca da felicidade pela visão do salarymen bem sucedido que se tenta criar.Curiosamente Death Note trabalha com algo similar que é esse fator da filosofia de vida do salarymen que produz uma juventude robotizada e entediada cuja vida é programada que vemos na figura de Raito Yagami que um dia encontra um caderno capaz de realizar seus ideias de grandeza de tentar consertar a sociedade sozinho fazendo justiça com as próprias mãos.E como isso vai corrompendo fazendo ultrapassar a barreira da moralidade o tornando um ser frio,calculista e megalomaníaco por obter poder. Dessa vez eu não fiz uma análise da série,dos personagens pu se a obra em sí é boa ou não mas o fato é que ao invés de se concentrar numa batalha grandiosa pra decidir quem é o novo Deus Platinum End nos trás essas questões interessantes subvertendo até mesmo  a idéia do Battle Royale da mesma forma que fizeram com o Battle Shonen em Death Note.

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