Em defesa de Final Fantasy XIII: como o game design deste jogo é genial e poucos perceberam e provando que não é a linearidade ou o mundo aberto que definem se um jogo é bom ou ruím
Quando FFXIII foi lançado ele causou uma divisão em parte do fandom,não que o fandom de FF seja o mais coerente já que é normal as pessoas enaltecerem seu jogo favorito e denegrir além da conta o que odeia mas também causou muita polêmica causada por seu formato linear além da conta e por isso muitos o detestam.Mas será que um jogo é ruím por ser linear?recentemente eu joguei tanto o FFVII Remake um jogo totalmente linear e o FFXV que te dava a liberdade que todo mundo gosta e o resultado foi gritante: FFXV não chegou aos pés da experiência que o VII proporcionou mesmo tendo tanta liberdade,ela não foi feita com total qualidade conforme a análise que fiz antes mostrou. Curiosamenete FFXIII foi um sucesso devastador no Japão e inclusive está em posições altas nos rankings dos jogadores de lá,tanto que a protagonista Lightining ganhou um status de musa do jogo que personagens como Tifa ou Yuna conseguiram e até estrelou comerciais de produtos de marcas famosas sendo até garota propaganda da Square Enix por muito tempo e tanta popularidade é o que garantiu suas sequencias,e não pra agradar quem não gostou do primeiro jogo como muitos veículos apontaram por aí,até porque as semi sequencias de FF não tem obrigação de serem melhores que os originais e sim dar uma abordagem diferente do que a franquia normalmente faz já que essa mesmo inovando em gameplay trás certas convenções que se repetem como a trama melodramática e certos elementos dela.E em FFXIII eu senti que a popularidade dos elementos distintos vistos nas semi sequencias como X-2 incentivou a Square a fazer uma reinvenção total neste episódio.O que eu posso dizer que FFXIII causou essa polêmica toda porque o diferente é estranho.As pessoas se acostumam a um padrão e quando o quebram drasticamente ele sente aversão(nem todas as pessoas),porém é arriscando com novas idéias que trazemos coisas diferentes,embora eu não reclame de clichês eu sinto que precisamos de algo que desafie os padrões e traga fôlego novo.O FFXIII não era um RPG comum e isso eu senti desde o inicio,ele simplesmente abandonou quase todas as suas convenções em prol de algo novo e refrescante,e é por isso que ele divide opiniões e gostos por aí.numa entrevista seus produtores afirmaram que seu formato era um game design que buscava inspiração nos jogos de FPS(First Person Shooter,o Tiro em Primeira Pessoa,tendo representantes como Doom e Halo) onde avançamos e lutamos contra os inimigos e faz sentido realmente,porém não era SÓ isso.Na verdade é parte de algo que eu amo nos JRPGs que é fazer o game design,gameplay e histórias terem uma coerência lógica dentro de sí mesmo sacrificando coisas que o público gosta em nome de sua idéia sem fazer concessões como nos games ocidentais.
Em FFXIII não somos aquele grupo que se une em um bem maior que é salvar o mundo e sim o grupo que irá trazer sua destruição,embora nem tudo seja o que pareça,é o que as pessoas daquele mundo acreditam,quem recebe a marca dos L’cies recebe uma missão e eles trazem o fim do mundo segundo as lendas então obviamente todo o design do jogo foi feito tendo isso em mente além da idéia do FPS,então não faria sentido os personagens simplesmente irem visitar cidades,falar com pessoas e realizando tarefas pra elas sendo considerados os inimigos que trazem a desgraça.E além disso o game sempre te incentiva a seguir em frente porque o Sanctum,o governo que rege Cocoom o mundo inicial onde começamos nos persegue sem trégua a fim de nos eliminar.E quando você se pergunta “por que eles não se disfarçam então pra visitar as cidades?” o jogo inteligentemente te joga nessa exata situação quando Vanille e Sazh desistem da jornada e param numa cidade movimentada disfarçados,e por um momento parecia dar certo porém o Sanctum os descobre e inicia uma caçada matando todos que ficam em seu caminho em nome de eliminar a suposta ameaça mundial,onde os fins justificam os meios,então os inocentes acabaram pagando o preço pelo egoísmo dos nossos protagonistas e você sente isso e aí as coisas começam a fazer sentido,ainda mais quando você chega a Pulse, o mundo onde o Sanctum não comanda e ali sem rédeas você é livre pra explorar por aí,e mantendo toda a lógica narrativa porque as pessoas não podem viver em Pulse por determinação do Sanctum e suas lendas e crenças, então o mundo é vasto e vazio e só temos monstros pra caçar como única sidequest principal.É muito bom você jogar um jogo onde o que você joga é coerente com o que assistimos,diferente do reboot do primeiro tomb Raide onde temos uma cena onde Lara mata uma pessoa pela primeira vez e vemos todo o sofrimento dela,que seria fantástico pelo peso dramático da cena,porém o jogo assim te dá o controle ele te dá vários inimigos pra Lara eliminar com a arma que acabou de matar alguém,tirando todo o peso da cena ou o próprio FFXV onde descobrimos que o pai de Noctis morreu e seu reino foi tomado por traição e depois de algum tempo de desolação logo estamos no mapa tirando fotos,fazendo piada com os amigos e caçando tomates pra donos de lanchonete.
FFXIII me mostrou porque os JRPGs fazem tanto sucesso e é por conta do grande cuidado com a narrativa,onde esse elemento é mais importante até do que os milhares de ítens a se pegar e a quantidade de horas marcada no mapa ou a liberdade imensa de ir aonde quiser.E esse é o charme deles o que me faz jogar Xenosaga assistindo 30 min de cutscenes contando o enredo sem reclamar ou que não reclamou tanto do segundo CD de Xenogears onde só temos praticamente textos com pouquíssimas partes jogáveis. E porque FFXIII foi tão popular e unanime no Japão,os japoneses adoram storyteling tanto que um estilo de jogo só focado em história faz muito sucesso por lá que são as Visual Novels onde apenas vemos textos e mais textos d diálogos e só interagimos com o jogo pra escolher linhas de diálogos que levam a situações diferentes.É verdade que jogos interativos como Heavy Rain e Life is Strange fizeram sucesso aqui,mas não é comum e claramente são propostas que ficam claros desde o inicio mas e quanto a um RPG que se propõe a quase não ser um como FFXIII?a resposta é a rejeição de muitos. Porém FFXIII foi uma experiência envolvente que inclusive ofereceu uma linha de roteiro totalmente diferente do que eu estava acostumado e a sensação foi ótima além da mitologia ser muito bem feita,mesmo sem explorar cidades temos toda a database do jogo te contando tim tim por tim tim daquele universo,foi só uma forma diferente do que a costumeira viagem de cidade em cidade conversando com NPCs de sempre.Me proporcionou um sistema de combate incrível com as melhores e mais empolgantes lutas contra chefes que já vi na franquia,tem um sistema de evolução,o Crystarium que não te permite ficar absurdamente forte e te tirando o desafio(como em FFXV onde se você fizer todas as quests antes de avançar a história você fica muito mais forte que o necessário tirando todo o desafio do jogo que já é quase inexistente) já que ele só pode avançar com a história,embora o único problema seja o sistema de evolução de armas onde usamos os mesmos ítens que vendemos dos inimigos que as dropam,como não temos como farmar eles se tornam escassos e se torna mais útil escolher uma única arma pra evoluir até chegar em Pulse ou sofreremos muito pra enfrentar os chefes.Mas que ainda assim me ofereceu um enredo envolvente com personagens cativantes com um sentimento novo algo que até o FFXV poderia ter oferecido com aquela mistura de realismo do nosso mundo com a fantasia,as viagens de carro e acampamentos se tudo não fosse tão distante do enredo e os produtores não tivessem apenas se preocupado com tamanho e quantidade,temos um mundo enorme mas que só oferece beleza e um monte de quests chatas e repetitivas,uma história mal elaborada que te tira a imersão.Então não é a linearidade que é ruím e sim como é feita, como eu sempre digo em gêneros de anime e mangá e os próprios clichês e sim algo enraizado na cabeça das pessoas que as faz pensar assim sem olhar o todo ou entender a real proposta por trás de algo,que eu sempre bato nessa tecla,pois assim nos faz perceber as reais qualidade e defeitos de qualquer coisa,filosofia que adoto faz muito tempo após refletir muito.Em suma não adianta o mundo ser aberto e te dar coisas a se fazer se ele não tem alma e é vazio,não tem coerência com todos os elementos do jogo.
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